Vale do Paraíba vira campo de guerra entre facções criminosas
Sem trégua, duas das maiores facções do país, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho), estão em confronto direto pelo controle de pontos de venda de drogas no Vale do Paraíba, região que lidera o ranking de homicídios no estado de São Paulo.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o avanço de facções do Rio de Janeiro sobre território paulista tem alimentado a escalada da violência. “Onde morre mais gente hoje em São Paulo é no Vale do Paraíba, justamente por essa tentativa de invasão de território por parte do crime organizado do Rio”, declarou em evento com ministros do STF em dezembro de 2024.
Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), a trégua entre as facções, firmada em fevereiro, foi rompida. Em uma mensagem atribuída ao Comando Vermelho, o PCC é chamado de “inimigo” e há a promessa de “guerra até a última gota de sangue”.
O secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, reforçou que a suposta trégua nunca existiu de fato. “O CV tem tentado ocupar pontos no Vale Histórico e no Litoral Norte, principalmente em cidades como Ubatuba. Há uma tentativa clara de estabelecer presença em São Paulo para disputar o tráfico”, disse.
As tensões entre PCC e CV começaram em 2018, quando o grupo paulista passou a monitorar rivais cariocas. Relatos de sequestros e agressões a integrantes do CV no Vale surgiram ainda em 2017. Na época, o PCC realizou um “mutirão de batismos” na região, recrutando novos membros para enfrentar o avanço inimigo.
O Vale do Paraíba, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, é uma rota estratégica para o escoamento de drogas e armas. De acordo com dados do governo estadual, cerca de 90% das armas e entorpecentes que abastecem facções do Rio passam por essa região.
As disputas têm impacto direto nos índices de violência. A taxa de homicídios no Vale é de 11,28 por 100 mil habitantes – quase o triplo da registrada na capital (4,44). No estado de São Paulo, a média é de 5,85.
Para Tarcísio, o domínio absoluto do PCC em outras regiões do estado explica os índices mais baixos. “Onde há hegemonia do PCC, há menos disputas, e, portanto, menos homicídios. No Vale do Paraíba, há confronto com CV, Terceiro Comando (TC) e Amigos dos Amigos (ADA), o que eleva os números de mortes”, disse o governador em abril de 2024.
Ele garantiu que o Vale é prioridade no combate ao crime organizado, ao lado da capital e da Baixada Santista. “O tráfico de drogas precisa ser combatido com seriedade. Essa guerra entre facções é o principal motor da violência que vemos hoje”, concluiu.
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