Provocação fatal: adolescente de 16 anos é executado a tiros após desafiar traficantes em bairro rival de Cruzeiro
“Aqui é VB”: jovem teria gritado e efetuado disparos antes de ser executado a tiros
Era para ser mais um fim de tarde comum nas ruas entre a Vila Loyelo e a Vila Suely, em Cruzeiro, mas a noite de domingo (27), terminou marcada por sangue, estampidos e uma vida interrompida precocemente. O adolescente João Pedro Narcizo Francisco Simões, de 16 anos, morador da Vila Batista, foi executado em meio à violenta disputa entre bairros rivais, uma guerra urbana que insiste em ceifar jovens em plena adolescência.
Segundo a investigação, João Pedro trafegava pilotando uma motocicleta vermelha e decidiu desafiar o território alheio. Ao passar por um conhecido ponto de tráfico, acelerou forte, fazendo o motor ecoar pelas vielas, e gritou o que seria sua última bravata: “Aqui é VB!” — o grito de guerra da Vila Batista, sua comunidade de origem. Como se não bastasse, o adolescente teria empunhado uma arma e disparado para o alto, provocando diretamente os traficantes que dominam aquela área.
Mas o desafio não ficou sem resposta. Ao retornar pela mesma rua, João Pedro foi emboscado. Pelo menos cinco tiros ecoaram na noite. Um deles o acertou, derrubando o jovem da moto, que desgovernada, colidiu contra um Fiat Uno estacionado. João Pedro ainda foi arremessado contra uma grade de proteção, caindo inerte, com perfurações no ombro e na lateral do corpo.
Policiais militares chegaram rapidamente, encontrando o adolescente agonizando na calçada. Moradores, em choque, relataram que, mesmo ferido, João Pedro ainda teria força para repetir sua lealdade ao bairro: “Eu sou da VB!”. Pouco depois, perdeu os sentidos.
A Unidade de Resgate prestou socorro e levou o jovem ao pronto-socorro municipal, onde o médico plantonista confirmou o que já se temia: o disparo foi fatal. Uma única bala foi suficiente para encerrar a curta vida de um jovem que, por alguma razão, decidiu provocar as forças erradas.
A perícia técnica levantou mais perguntas do que respostas. Nenhuma cápsula foi encontrada no local do crime, sugerindo que os autores recolheram os estojos — prática comum para dificultar a investigação. A motocicleta foi apreendida.
O caso está agora nas mãos da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Cruzeiro. Até o momento, ninguém foi preso.
A execução de João Pedro não é um crime isolado. É mais um capítulo de uma disputa que, silenciosa ou barulhenta, segue matando jovens em Cruzeiro. Bairros se enfrentam por territórios, poder e reputação. E no meio dessa guerra, vidas como a de João Pedro, ainda em formação, desaparecem entre o estampido de tiros e a indiferença das ruas.
Uma bravata, uma provocação, um ato impulsivo — e uma vida perdida.