Tragédia em Mongaguá: Priscila, de São José, foi morta ao lado dos filhos por acolher cunhada ameaçada
A solidariedade virou alvo da violência. Priscila Carolina Silva, de 36 anos, natural da zona norte de São José dos Campos, foi brutalmente assassinada junto dos filhos Kaio, de 13 anos, e Dandara, de 11, em uma chacina que chocou o litoral paulista. O crime aconteceu dentro da casa onde moravam, em Mongaguá, no último dia 26 de maio.
A motivação que levou à tragédia é estarrecedora: Priscila acolheu em sua casa a cunhada, que fugia de um relacionamento abusivo, e isso teria despertado a fúria do ex-marido da mulher, identificado como José Roberto Alves do Espírito Santos, de 41 anos.
De acordo com as investigações, o assassino invadiu a residência no bairro Jussara por volta das 10 horas da manhã. Primeiro, estuprou a ex-esposa — a mulher que Priscila estava abrigando. Em seguida, na frente dela, cometeu a barbárie: matou Priscila e os dois filhos menores. O filho mais velho de Priscila, de 16 anos, também foi atacado, sobreviveu e segue internado, lutando pela vida.
O criminoso, que já morou em São José dos Campos e havia sido padrinho no segundo casamento de Priscila, foi preso em flagrante logo após o crime e permanece detido. Contra ele pesam acusações de triplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio e estupro. A Polícia Civil segue apurando todos os detalhes da tragédia.
Priscila vivia no litoral há alguns anos, onde trabalhava com vendas na praia, oferecendo açaí, doces e bolos para garantir o sustento dos filhos. “Ela era uma mulher guerreira, fazia de tudo pelos filhos, criou os três praticamente sozinha. Era evangélica, cantava na igreja, tinha uma voz linda, estava começando a ser chamada para cantar em eventos”, relatou uma parente, inconsolável.
O acolhimento da cunhada, segundo familiares, foi um ato de compaixão. “Ela só quis ajudar. A mulher estava fugindo de um casamento conturbado, com histórico de agressões e medidas protetivas. A Priscila estendeu a mão, como qualquer pessoa de bom coração faria. Jamais imaginava que isso poderia custar a vida dela e dos filhos”, contou uma parente, revoltada.
O enterro de Priscila e das crianças aconteceu no dia seguinte ao crime, em Mongaguá, em meio a uma multidão de familiares, amigos e moradores da cidade. O velório foi com caixões lacrados devido à violência extrema do crime, que desfigurou as vítimas. “Não conseguimos nem nos despedir. Foi uma cena que vai ficar marcada para sempre na nossa vida. É uma dor que não tem nome”, disse um dos familiares.
O sentimento que ecoa entre os que ficaram é de impotência e revolta. “Ninguém entende como um ser humano pode ser capaz de tanta maldade. A Priscila só tentou ajudar, e isso custou a vida dela e dos filhos. Agora, tudo o que queremos é justiça. Que ele pague por cada lágrima derramada, por cada vida que destruiu.”
O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil, que trabalha para esclarecer todos os detalhes e garantir que o assassino responda pelos crimes na forma mais rigorosa da lei.
