Defesa quer que Paulo Cupertino cumpra pena em Tremembé
Condenado a 98 anos de prisão por um crime que chocou o Brasil, Paulo Cupertino tenta agora trocar de cela e de unidade prisional. A defesa do empresário pediu que ele seja transferido do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo, para a Penitenciária de Tremembé, no interior do estado — conhecida por abrigar presos de casos de grande repercussão.
O pedido foi apresentado à direção do CDP sob a justificativa de garantir mais segurança para Cupertino, que atualmente cumpre pena em Guarulhos. A decisão cabe à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), que informou, em nota, que “o pedido da defesa foi recebido pela direção do CDP II de Guarulhos e está sob análise”.
Tremembé é famosa por ser destino de criminosos que ganharam os noticiários nacionais, geralmente para evitar conflitos dentro do sistema carcerário comum. É para lá que vão, por exemplo, presos que cometeram crimes contra familiares ou que têm alto grau de exposição na mídia.
Paulo Cupertino foi condenado em maio a 98 anos e 9 meses de prisão pelos assassinatos do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. O crime ocorreu em 2019, na Zona Sul de São Paulo, após Cupertino não aceitar o namoro da filha com o ator. Ele emboscou as vítimas e disparou 12 vezes, matando as três pessoas na porta da casa delas.
Durante o julgamento, o réu negou o crime e tentou culpar uma pessoa desconhecida, mas as evidências o colocaram na cena. As investigações revelaram câmeras de segurança que mostram parte do crime, além de depoimentos contundentes da própria filha, Isabela Tibcherani, e da ex-esposa, Vanessa, que confirmaram a motivação do assassinato: o preconceito e a intolerância de Cupertino contra o relacionamento da jovem com o ator.
Após quase três anos foragido, Paulo Cupertino foi preso em 2022 e levado ao CDP de Guarulhos, onde permanece até agora. O Ministério Público enquadrou o crime como triplo homicídio duplamente qualificado — por motivo torpe e por impossibilitar qualquer defesa das vítimas.
A defesa ainda não desistiu de tentar reverter a condenação. Após o júri, as advogadas Mirian Souza, Juliane Oliveira e Camila Motta ingressaram com recurso pedindo a anulação do julgamento, alegando que a defesa foi cerceada por não ter seus pedidos de perícia atendidos. Argumentam ainda que não há provas suficientes para condená-lo.
Caso a transferência para Tremembé não seja autorizada, as advogadas também querem rever o cálculo da pena. Apesar dos 98 anos de condenação, a legislação brasileira limita o tempo máximo de cumprimento a 40 anos. Na prática, considerando os períodos já cumpridos e as regras de progressão, Cupertino poderá deixar a prisão em 2052, quando terá 82 anos.
A decisão agora está nas mãos da Secretaria da Administração Penitenciária, que avalia se Paulo Cupertino segue no CDP de Guarulhos ou se será levado para cumprir sua pena em uma das unidades mais famosas e temidas do sistema prisional paulista: a Penitenciária de Tremembé.

Paulo Cupertino, Rafael Miguel, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel