“Achei que ia morrer”: mulher pula de carro em movimento após corrida suspeita em São José dos Campos
O que era para ser apenas uma volta para casa terminou em desespero para a gestora de projetos Ingrid de Sá, em São José dos Campos. Ela afirma ter pulado de um carro de aplicativo em movimento para salvar a própria vida. O episódio, digno de um filme de suspense, aconteceu quando retornava do trabalho na última quinta-feira, após uma reunião no centro da cidade. O destino era o bairro Campo dos Alemães, na zona sul, mas ela nunca chegou lá com o motorista da 99Pop.
“Ele começou a falar que o bairro era perigoso, fez piadas de mau gosto, e então começou a fazer perguntas desconfortáveis, insinuações sobre mim, sobre onde eu morava”, contou Ingrid. Assustada, pediu para descer, mas o motorista reagiu com deboche: “Disse que estava brincando e que iria me levar, sim”. Foi quando ela percebeu que ele já havia encerrado a corrida no aplicativo — mesmo com ela ainda dentro do carro.
Sem entender o que estava acontecendo, Ingrid relatou que começou a sentir o corpo estranho. “Eu não conseguia me concentrar. Minha audição estava ruim, meus movimentos estavam lentos, e ele me perguntou: ‘Tá ficando anestesiada?’”. A frase acendeu o sinal vermelho. “Na hora entendi que eu precisava sair daquele carro antes que fosse tarde demais”.
A gestora conta que puxou a trava da porta e, mesmo com o carro ainda em movimento, saltou na Rua Vilaça, em frente a uma câmera do COI (Centro de Operações Integradas). “Pulei para salvar minha vida. Estava grogue, confusa, gritando por socorro. Tenho certeza de que inalava algo dentro daquele carro.”
Cambaleando, ela conseguiu ajuda de uma comerciante local, que a abrigou por mais de uma hora, enquanto o motorista — segundo Ingrid — rondava a região. “Meu marido só conseguiu me buscar depois de um tempo. E mesmo assim o motorista não foi embora, ficou rondando como se estivesse esperando nova chance.”
A situação, segundo ela, só piorou depois. “Acionei o botão de pânico do aplicativo, nada aconteceu. A localização sumiu assim que ele encerrou a corrida. A polícia não apareceu. Tudo falhou.” Os danos não foram apenas emocionais: celulares e notebook de trabalho quebraram na queda. “Mas pior foi pensar que eu podia não estar aqui para abraçar meu filho.”
Ingrid, que foi candidata a vereadora pelo PT em 2024, registrou boletim de ocorrência, mas afirma que o caso não foi classificado como tentativa de sequestro — porque ela conseguiu escapar. Também não obteve medida protetiva, já que a Justiça entende que “ele precisa tentar algo de novo” para que se configure ameaça.
E mesmo com o endereço dela nas mãos, o motorista segue sem bloqueio confirmado. “A 99 até agora não respondeu se ele foi banido da plataforma. Nada. Nenhum retorno.”
Ela também lamenta não ter feito exame toxicológico: “Disseram que só fazem em mortos”. Enquanto isso, usa suas redes sociais para denunciar o que passou e alertar outras mulheres.
A 99 ainda não se manifestou. O espaço segue aberto para posicionamento.
