Vereadores em queda: crimes, escândalos e agressões expõem crise ética nas Câmaras do Vale
O Vale do Paraíba enfrenta uma onda de escândalos que atingem em cheio a classe política municipal. Em um intervalo de poucos dias, três episódios distintos colocaram vereadores da região no centro de crimes graves, agressões físicas e denúncias de estupro, deixando a população perplexa e expondo uma preocupante crise de conduta no legislativo local.
Em Campos do Jordão, o vereador José Matos da Costa (PSD), de 69 anos, foi preso acusado de ser o mandante do furto de cabos de telefonia. Em seu sexto mandato consecutivo, Matos foi autuado em flagrante após a Polícia Militar flagrar dois homens com 38 quilos de cabos furtados da empresa Telefônica Vivo. Durante os depoimentos, os suspeitos não só confessaram o crime, como revelaram que receberam dinheiro adiantado do próprio vereador para executar a ação. Mensagens encontradas no celular de uma testemunha reforçaram a suspeita de que o esquema não era novo, contradizendo a versão de inocência apresentada por Matos. O caso segue sendo investigado, e o vereador permanece à disposição da Justiça.
Enquanto isso, em Paraibuna, o plenário da Câmara Municipal virou palco de pancadaria. Os vereadores Klinger Vitório (Republicanos) e Marcelo André (PT) trocaram socos após uma sessão acalorada que discutia a denúncia de uma mãe sobre a falta de apoio educacional à filha com deficiência auditiva. O vídeo da confusão viralizou nas redes sociais e escancarou o clima de tensão entre os parlamentares. O presidente da Câmara anunciou a criação de uma comissão para apurar a conduta dos envolvidos. O histórico entre os dois é longo: em 2014, já haviam protagonizado uma briga que terminou na delegacia, e em 2011, Klinger chegou a arremessar um copo contra um cidadão durante uma sessão.
Em Cachoeira Paulista, a gravidade ultrapassa os limites políticos. O vereador Reginaldo de Figueiredo (PP), afastado de suas funções, teve a prisão temporária decretada pela Justiça após ser acusado de estupro de uma adolescente. O caso é investigado sob sigilo pela Delegacia de Defesa da Mulher de Lorena. Reginaldo não foi localizado durante o cumprimento de mandado judicial e é considerado foragido. Em sua última fala na tribuna, alegou estar sendo vítima de exposição indevida e pediu respeito à sua família. Durante o afastamento, o suplente Wellington Silva (PP) deve assumir o cargo.
As três ocorrências – uma prisão por furto qualificado, agressões físicas em plenário e um caso de estupro envolvendo menor – revelam uma preocupante degradação da ética e do decoro parlamentar na região. Ao invés de representarem os interesses da população, esses vereadores protagonizam cenas de polícia, tribunais e violência, manchando a imagem do poder legislativo. Em meio à indignação pública, cresce a cobrança por responsabilidade, justiça e respeito à função que deveriam exercer com dignidade.
