Caso Mariana: Ex-namorado muda versão, nega assassinato e diz que apenas enterrou o corpo
A investigação sobre a morte de Mariana da Costa Nascimento, de 28 anos, em Taubaté, ganhou contornos ainda mais sombrios após o principal suspeito, seu ex-companheiro Luiz Felipe da Silva de Moura, de 31 anos, mudar a versão apresentada inicialmente à polícia. Depois de confessar o assassinato e indicar onde havia enterrado o corpo, ele agora nega o crime e afirma que apenas ocultou o cadáver ao encontrar a jovem morta, pendurada em uma árvore na zona rural da cidade.
O desaparecimento de Mariana foi registrado pela família na manhã de segunda-feira (9), após ela não retornar para casa nem responder às ligações. Na noite anterior, a jovem havia avisado a mãe e a irmã que estava em um bar na cidade e que teria tido um desentendimento com Luiz Felipe. Foi a última vez que teve contato com os familiares.
Com o boletim de ocorrência, a Polícia Civil de Taubaté iniciou as investigações. As autoridades conseguiram rastrear o trajeto do carro de Luiz Felipe, que apresentava movimentações incomuns em uma estrada rural, a Estrada Municipal Doutor José Luiz Cembranelli, onde ele reside. Com base nas imagens de câmeras de monitoramento e na rápida ida e volta do veículo à área rural, os investigadores encontraram pertences de Mariana, como botas femininas e o celular, às margens de um rio.
A suspeita de crime se intensificou e levou ao achado do corpo da jovem, enterrado em um terreno de difícil acesso na Fazenda Canta Galo, na rua Marianna Aparecida do Norte da Silva. O resgate do corpo contou com apoio do Corpo de Bombeiros e durou várias horas de escavação.
Em um primeiro depoimento à polícia, Luiz Felipe confessou o crime e apontou onde havia enterrado o corpo. Ele alegou temer voltar ao local por medo de represálias da família de Mariana. No boletim de ocorrência, consta a admissão de que havia matado a ex-namorada e enterrado o corpo. Contudo, em novo depoimento, agora com o advogado criminalista Hélio Barbosa ao seu lado, o investigado mudou a versão.
Segundo o novo relato, Luiz Felipe diz que encontrou Mariana morta, pendurada por uma corda ou cadarço, próxima a uma árvore em um terreno próximo à sua casa. Ele contou que cortou o material com que ela estava presa e, ainda impactado, decidiu enterrar o corpo por medo da repercussão, principalmente da reação dos familiares da vítima, a quem descreveu como “barra pesada”.
“Ela tava meio molengona ainda. Daí eu consegui cortar [a corda ou cadarço]”, relatou. Em seguida, colocou o corpo em seu carro e o levou até uma vala conhecida por ele. “Eu ajeitei ela no chão, abri a porta do carro, coloquei lá e levei até um buraco que eu sabia que tinha”, disse.
No dia seguinte, Luiz Felipe teria ido a cavalo até o rio que corta a fazenda e jogado os pertences da vítima, como o celular e uma bota com salto, na tentativa de apagar vestígios. Questionado pelo delegado sobre a contradição entre os depoimentos, o investigado admitiu que havia mentido ao dizer que não sabia onde Mariana estava. “Sabia”, respondeu.
Ele ainda revelou que Mariana estava sem roupas quando a encontrou e reiterou que sua decisão de enterrar o corpo foi motivada pelo medo. “Joguei [os objetos no rio] para qualquer coisa se alguém fosse me encontrar, ia estar muito perto e ninguém ia ver. Fiquei mais com medo por causa dos parentes dela.”
No encerramento do interrogatório, o delegado informou a prisão em flagrante de Luiz Felipe. “O senhor está preso na data de hoje e vai permanecer preso. Amanhã será apresentado ao juiz para que ele tome a postura que entender adequada diante do caso.”
Em entrevista à TV Vanguarda, o advogado de defesa declarou que o casal tinha um histórico de brigas e defendeu a tese de que Mariana teria se suicidado. “Com medo de ser acusado da morte, ele levou até o pasto e cobriu de terra a moça. A família viu que ela não aparecia, porque não era costume dela sumir. Ele confessa a ocultação do cadáver, mas não assume que praticou feminicídio”, afirmou o defensor.
A Polícia Civil agora busca esclarecer a real causa da morte e se a versão apresentada pelo investigado encontra respaldo técnico. O caso é tratado como prioritário, e os laudos do Instituto Médico Legal e da perícia devem ser cruciais para confirmar ou descartar a hipótese de suicídio. Enquanto isso, a cidade de Taubaté segue consternada com a tragédia que vitimou mais uma jovem mulher.
