Mãe acusa UPA de negligência médica em São José dos Campos
Uma moradora da zona oeste de São José dos Campos denuncia falhas graves no atendimento médico prestado pela UPA Eugênio de Melo. Segundo ela, dois membros da família foram vítimas de diagnósticos equivocados que colocaram em risco a saúde e a vida dos pacientes. A mãe afirma que sua filha, de apenas 8 anos, correu o risco de perder a visão após ter uma grave lesão no olho subestimada pela equipe médica da unidade.
De acordo com o relato, na semana passada, a criança foi atendida na UPA com dor intensa no olho. A médica de plantão teria diagnosticado o problema como uma simples irritação causada por cílios e prescreveu apenas antialérgico e soro fisiológico. “Minha filha saiu de lá se contorcendo de dor”, afirma a mãe. “Quando cheguei na Vila Industrial, a médica mandou direto para o hospital. Ela estava com o olho machucado por dentro. O soro que receitaram poderia ter agravado a situação. E se ela ficasse cega? Quem iria se responsabilizar?”
O episódio recente reacendeu a indignação da família, que já havia enfrentado outro caso de atendimento precário na mesma UPA. Três meses atrás, a mesma criança foi levada três vezes ao local com sintomas de pneumonia. Após mais de duas horas e meia de espera, só na terceira tentativa foi encaminhada para o diagnóstico correto. “Na última consulta, a médica foi embora antes de terminar o plantão porque precisava alimentar o cachorro”, denunciou a mãe.
A negligência, segundo ela, não se limita à filha. Uma tia da criança também procurou a UPA em quatro ocasiões, com sintomas que posteriormente foram confirmados como pneumonia — algo que não foi detectado em nenhuma das consultas realizadas na unidade.
Revoltada, a mãe questiona a responsabilidade dos profissionais envolvidos. “Colocamos nossa saúde nas mãos dessas pessoas. Eles brincam com a vida dos outros. Isso não é erro, é descaso.”
Resposta da Prefeitura
Procurada, a Secretaria de Saúde de São José dos Campos alegou, por meio de nota, que “o atendimento de urgência realizado na UPA Eugênio de Melo na data de 30/05/2025 não estava em desacordo com a conduta adequada” e defendeu que “o tratamento inicial para irritação ocular é feito com hidratação e medicamento”.
Sobre a denúncia da pneumonia, a Prefeitura afirmou que “não é verídica”, pois “consta no sistema apenas uma passagem da paciente, na data de 02/10/2024”, quando foi diagnosticada com síndrome gripal após avaliação e exame de raio-X.
A nota ainda ressalta que “a gerência das unidades de saúde e a ouvidoria da secretaria estão à disposição para atender os munícipes em casos de dúvidas ou problemas com o atendimento”.
Indignação permanece
Apesar da justificativa oficial, a mãe afirma que não aceitará calada. “Eles querem esconder a verdade com papel e sistema, mas quem sentiu a dor foi minha filha. Quem viu a negligência fomos nós. Não vou deixar isso passar”, declarou. Ela pretende formalizar denúncia junto ao Ministério Público e à Ouvidoria do SUS.
