Sábado, Junho 7, 2025
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Polícia intensifica monitoramento de traficantes para evitar guerra em São José dos Campos

A Polícia Civil de São José dos Campos tem atuado de forma preventiva para evitar que disputas entre grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas evoluam para uma guerra aberta nas ruas da cidade. Embora o tráfico seja tradicionalmente associado a altos índices de homicídios, o cenário joseense destoa dessa lógica: dos 23 assassinatos registrados em 2024, apenas um teve relação direta com o tráfico.

Segundo levantamento da Delegacia de Homicídios da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais), a maioria das mortes foi causada por brigas entre conhecidos ou desconhecidos, que somaram 12 ocorrências — ou 52% do total. Os feminicídios aparecem como a segunda principal causa, com cinco casos (21,73%). Já os conflitos familiares foram responsáveis por duas mortes.

O delegado responsável pela especializada, Neimar Camargo Mendes, destaca o trabalho de inteligência feito em conjunto com a Delegacia de Entorpecentes (Dise) e a Polícia Militar para impedir o avanço de conflitos entre facções. “Existe um trabalho integrado, tanto da Polícia Civil — especialmente a Dise — quanto da Polícia Militar, para que a gente consiga detectar com antecedência possíveis pontos de tensão ligados ao tráfico”, explicou.

“Com isso, temos conseguido antecipar ações criminosas e efetuar prisões, o que contribui diretamente para a prevenção de homicídios”, acrescentou o delegado.

O Anuário de Homicídios de São José dos Campos revela que armas de fogo foram utilizadas em 11 dos 23 assassinatos registrados no último ano, o equivalente a 48% dos casos. Objetos contundentes apareceram em quatro mortes (17,39%). Armas brancas e agressões físicas estiveram presentes em dois casos cada (8,69%). Fio elétrico, fogo, queda de altura e causas indeterminadas foram responsáveis por um caso cada (4,34%).

A maioria dos homicídios ocorreu em via pública (13 casos, 56,52%), enquanto sete ocorreram em residências (30,43%). Estabelecimentos comerciais registraram duas mortes (8,69%) e um local permanece sem definição.

Entre as vítimas, a predominância é masculina (69,56%), com maior incidência na faixa etária dos 35 a 39 anos (21,73%), seguida pelas idades de 30 a 34 anos e 25 a 29 anos, com 17,39% cada. Em relação à raça, 74% das vítimas eram brancas, e 17,39% pardas.

O período noturno concentrou a maior parte dos assassinatos: entre 18h e meia-noite foram registradas oito mortes (34,78%), seguido pela madrugada até as 8h com seis ocorrências (26%).

Uma segunda etapa do estudo da Polícia Civil está em desenvolvimento em parceria com a Univap (Universidade do Vale do Paraíba), com o objetivo de realizar uma análise sociológica e psicológica dos homicídios. A iniciativa se baseia em uma metodologia já utilizada no mapeamento de desaparecidos.

“A psicóloga Ana Karina, da Univap, nos ajudou a entender melhor o perfil das pessoas desaparecidas em São José. Agora, com cinco anos de dados do anuário de homicídios, temos condições de aprofundar a análise e entender os fatores sociais e psicológicos por trás desses crimes”, destacou o delegado Neimar Mendes.

O estudo deve lançar luz sobre padrões de comportamento, vulnerabilidades e contextos sociais associados aos homicídios na cidade, oferecendo uma nova perspectiva para a prevenção e combate à violência.

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