Aos 74 anos, aposentado supera trauma de infância e aprende a andar de bicicleta com projeto voluntário em Volta Redonda
Durante décadas, uma queda de bicicleta na infância afastou Aílton Lima Teixeira do guidão e dos pedais. O trauma parecia definitivo — até que, aos 74 anos, ele decidiu que era hora de virar essa página. Morador de Volta Redonda (RJ), o aposentado encontrou no projeto voluntário Bike Anjo a chance de aprender algo que o tempo havia interrompido, e de provar que nunca é tarde para recomeçar.
“Quando eu tinha oito anos, caí de bicicleta e traumatizei. Nunca mais quis saber. Mas agora, por conta da saúde, resolvi tentar de novo”, contou Aílton, em entrevista ao programa Bom Dia Sábado, da TV Rio Sul. O incentivo partiu de um médico, que, após detectar problemas na perna, recomendou a prática do ciclismo como parte do tratamento.
Foi aí que entrou Vicente Sacramento Júnior, voluntário do Bike Anjo e responsável por guiar Aílton nessa jornada. “Conheci o Vicente e achei muito bonito o trabalho que eles fazem. Eles ajudam pessoas como eu, que nunca aprenderam ou que têm medo. Isso transforma vidas”, relatou o aposentado, com brilho nos olhos.
O desafio era duplo: vencer o medo antigo e desafiar os limites físicos. Mas Aílton encarou tudo com coragem. “Hoje mesmo eu estava com muita dor na perna. Mas só o pouco que faço de exercício já melhora bastante. É bom, é bacana. Além de ser uma indicação médica, é algo que eu sempre quis fazer”, disse.
A motivação vai além da saúde: Aílton quer compartilhar momentos com o neto de nove anos, que já pedala há tempos. “Agora quero acompanhar ele. Andar de bicicleta com meu neto é uma alegria que ainda não tive, mas vou ter. Volta Redonda, além de ser a cidade do aço, também é a cidade da bicicleta”, afirmou com orgulho.
O Bike Anjo existe há mais de dez anos e já ensinou mais de 2 mil pessoas a pedalar na cidade. Vicente, o instrutor, se emociona a cada nova conquista. “Muitas pessoas chegam com traumas, com histórias difíceis. Ensinar alguém a andar de bicicleta, ainda mais um senhor de 74 anos, é algo que mexe com a gente. É gratificante, é uma felicidade que não cabe no peito”, disse.
Gratuito, o projeto segue transformando vidas uma pedalada por vez. Para Aílton, cada volta no pedal é uma vitória. E o que começou como uma indicação médica virou um reencontro com a liberdade — e com a infância que ele achava perdida.
“Sempre há tempo para começar. Nunca é tarde para aprender”, concluiu o aposentado.
