Padre Márlon Múcio recebe alta após 16 dias na UTI: “Minha luta é pelos raros do Brasil”
Após enfrentar pneumonia, infecção urinária e uma infecção grave provocada por uma superbactéria, o padre Márlon Múcio, de Taubaté (SP), deixou a UTI na tarde desta quinta-feira (29), após 16 dias de internação. O religioso convive com a Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD), uma doença genética extremamente rara que exige um tratamento severo: ele precisa tomar 281 comprimidos por dia para sobreviver.
Márlon foi hospitalizado em 14 de maio. O quadro de saúde se agravou rapidamente e exigiu cuidados intensivos. De acordo com publicações feitas pelo próprio religioso nas redes sociais, os primeiros antibióticos não surtiram efeito e os médicos classificaram seu caso como grave. Foi preciso recorrer a medicamentos mais potentes e, segundo ele, também confiar na força da fé.
Durante o período de internação, uma corrente de orações se formou entre fiéis, amigos e familiares. Missas, terços e rosários foram realizados em várias partes do país. Nas redes, o padre compartilhou vídeos e reflexões, agradecendo pelas preces e atualizando seu estado de saúde com otimismo e esperança.
“Quero agradecer de coração por tudo que vocês têm feito por nós. A luta continua, é árdua, mas a minha luta não é só por mim, é pelos raros do Brasil. Muita gratidão e salve Maria, causa da nossa alegria!”, declarou em um vídeo pouco antes de receber alta.
A história de vida de padre Márlon é marcada por superações. Diagnosticado apenas aos 45 anos com a RTD, hoje ele tem 52. Os primeiros sinais da doença, no entanto, surgiram ainda na infância: ficou surdo aos 7 anos e, aos 14, passou a ter dificuldades para mastigar. Em 2010, sua saúde se agravou e ele passou a usar um respirador 24 horas por dia, enfrentando episódios de fadiga intensa e falta de ar.
Fundador da Comunidade Missão Sede Santos, ele também criou em Taubaté um hospital voltado exclusivamente para o atendimento de pacientes com doenças raras — uma população negligenciada pelo sistema de saúde. Além disso, é autor de 45 livros e acumula mais de 920 mil seguidores nas redes sociais. Sua trajetória foi retratada no filme “Milagre Vivo”, no qual ele mesmo é o protagonista.
O Ministério da Saúde classifica como doença rara toda condição que afete menos de um a cada 2 mil nascidos vivos. Estima-se que cerca de 13 milhões de brasileiros convivam com alguma dessas enfermidades. A história do padre Márlon tem sido, para muitos, símbolo de resistência, fé e representatividade para todos que lutam por visibilidade e tratamento adequado diante das doenças raras.
