Maquete da Rotunda de Cruzeiro resgata memória ferroviária com precisão histórica e paixão por ferromodelismo
Um projeto iniciado como hobby se transformou em um verdadeiro tributo à história ferroviária de Cruzeiro, município do Vale do Paraíba. Idealizada por Alexandre S. do Nascimento, a maquete da Rotunda de Cruzeiro, construída na escala HO (1:87), reconstitui em detalhes a emblemática estrutura de 1930, símbolo da conexão ferroviária entre Minas, Rio e São Paulo.
A Rotunda, erguida originalmente pela Rede de Viação Sul Mineira, servia à bitola métrica e possuía capacidade para abrigar até 15 locomotivas, com girador central e salas administrativas. Sua grandiosidade impressionava: 6.361m² de construção e mais 2.000m² de área externa. Foi fundamental na operação dos trens que faziam a ligação entre Cruzeiro e o Sul de Minas, além de ser um importante ponto de manutenção de locomotivas a vapor. Após a desativação em 1993, o espaço passou a funcionar como centro cultural, graças à parceria entre a Prefeitura e a Fundação Iochpe-Maxion.
Movido pela paixão por ferromodelismo e por Cruzeiro, sua cidade natal, Alexandre iniciou o projeto com peças da Frateschi, mas rapidamente percebeu que a fidelidade histórica exigia um trabalho mais técnico. Envolveu então uma equipe multidisciplinar: Wagner, engenheiro projetista e velho colega de escola; Evandro, experiente ferromodelista da Rio Grande Modelismo; Jayme, especialista em construção de maquetes; Ruy, marceneiro responsável pela estrutura da base; e Toninho, expert na instalação de trilhos.
A maquete foi planejada em módulos para facilitar montagem e transporte, permitindo exibições futuras. Foram três seções: o Módulo A (2,10m x 1,85m), Módulo B (2,30m x 1,05m) e o Módulo C (2,10m x 1,35m), este último mais desafiador por incorporar o Rio Paraíba e o Túnel da Mantiqueira.
A virada de chave veio com a colaboração de Vitor e Marcelo, profissionais especializados em impressão 3D. Com base nos projetos de Wagner, eles reconstruíram a Rotunda em 3D e produziram protótipos detalhados que, além de facilitar a montagem, abriram a possibilidade de comercialização futura. Cada “gomo” do prédio foi impresso individualmente e acompanhado de manual de instruções, demonstrando a dimensão técnica do projeto.
A maquete inclui ainda referências urbanas de Cruzeiro e elementos históricos da ferrovia, como tanques de diesel, caixas d’água e trilhos, todos desenhados no software SCARM, garantindo precisão milimétrica ao traçado.
Mais do que uma reprodução arquitetônica, o projeto de Alexandre se torna um instrumento pedagógico e afetivo. É uma homenagem viva ao passado ferroviário da cidade e ao sonho que virou realidade pelas mãos de um cruzeirense apaixonado pela memória de seu povo e pelo mundo dos trens em miniatura.
