Domingo, Junho 1, 2025
Plantão Policial

Padrinho virou algoz: homem que matou Priscila e seus filhos era como da família

O homem que destruiu uma família com golpes de pá e marreta era alguém que já teve lugar de honra na vida de sua vítima. José Roberto Alves do Espírito Santos, 41 anos, foi padrinho de Priscila Carolina Silva, de 36 anos. Ele entrou na igreja com a mãe dela, em um dos dias mais marcantes da vida de Priscila: o de seu segundo casamento. A mesma mulher que ele matou brutalmente anos depois, ao lado de seus dois filhos.

O crime, ocorrido em Mongaguá, no litoral de São Paulo, não é apenas um caso de violência. É uma ferida aberta na alma de uma família inteira. Priscila, vendedora, cantora gospel, mãe dedicada e mulher de fé, foi assassinada de forma cruel junto de Kaio, seu filho de 13 anos, e de Dandara, de 11. O filho mais velho, de 16 anos, sobreviveu, mas luta pela vida e carrega agora a dor insuportável de ver a mãe e os irmãos tombarem diante dos seus olhos.

Segundo a polícia, o ataque foi premeditado. José Roberto invadiu a casa por volta das 10h, estuprou sua ex-companheira — que havia sido acolhida por Priscila — e, na sequência, matou a amiga e os filhos dela. As investigações apontam que ele deixou a ex viva propositalmente para forçá-la a presenciar o massacre.

Para a família, ainda é impossível juntar os pedaços de uma tragédia que parece saída de um pesadelo. “Ele era padrinho da Priscila. Entrou na igreja de braços dados com a mãe dela. Era como da família. Como alguém assim vira um monstro?”, desabafou uma parente, com lágrimas nos olhos.

Natural da zona norte de São José dos Campos, Priscila enfrentou muitas batalhas na vida. Criou os filhos após o fim do primeiro casamento, reconstruiu sua vida ao lado de um novo companheiro e seguia firme na fé e no trabalho. Quando a cunhada — irmã do seu segundo marido — precisou de abrigo após uma relação marcada por agressões e medidas protetivas contra José Roberto, foi em Priscila que encontrou acolhimento.

“Ela nunca negava ajuda. Quando a cunhada pediu socorro, a Priscila recebeu em casa. Estava tentando proteger, dar um recomeço para a moça. E foi por isso que ele foi lá… como se ela tivesse culpa por ter estendido a mão”, contou a familiar.

A família ainda tenta entender o que motivou tamanha crueldade. Para muitos, José Roberto tinha um ciúme doentio e uma mente perturbada. “Achamos que ele imaginou que a Priscila estivesse escondendo algo, acobertando uma traição. Mas isso não existe. Ele é um psicopata. A Priscila só queria ajudar.”

Agora, resta o luto, a revolta e um vazio impossível de medir. José Roberto foi preso em flagrante e deve responder por estupro, tentativa de homicídio e três homicídios qualificados.

Mas para a mãe que um dia entrou na igreja com o assassino da filha, para o filho que sobreviveu ao horror, para os amigos, vizinhos e familiares de Priscila, nenhuma pena será suficiente para trazer de volta o sorriso da mulher que cantava para Deus e lutava pela sua família.

Porque o que se perdeu ali não foram apenas três vidas. Foi a fé em um laço quebrado de dentro para fora. Um padrinho virou assassino. E o mundo nunca mais será o mesmo.

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