Quarta-feira, Maio 28, 2025
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Engenheira do crime: mulher é condenada a 23 anos por armar sequestro do próprio namorado em São José dos Campos

Uma história que parecia de novela acabou em condenação exemplar: a engenheira Lúbia Augusta Quaresma Giampa, de 30 anos, foi sentenciada a 23 anos, 5 meses e 15 dias de prisão em regime fechado por arquitetar o sequestro do próprio namorado em São José dos Campos (SP). O plano, segundo a Justiça, tinha um único objetivo: extorquir R$ 250 mil da vítima, com R$ 70 mil reservados para ela mesma como pagamento pelo “serviço”.

O crime aconteceu no dia 8 de novembro de 2024, mas só agora veio à tona a decisão da Justiça, que escancarou os detalhes da trama digna de roteiro policial. A juíza Naira Blanco Machado, da 3ª Vara Criminal de São José, apontou provas contundentes contra Lúbia e seu cúmplice Marcus Vinicius Marcondes Garello, que também foi condenado a 13 anos, 10 meses e 19 dias de prisão, igualmente em regime fechado. Outros dois integrantes da quadrilha seguem foragidos.

Segundo o processo, Lúbia usou o próprio relacionamento como isca. Fingindo estar com o carro quebrado, ligou para o namorado pedindo socorro. Quando ele chegou ao local, acompanhado de um amigo, foi rendido por dois homens armados e encapuzados. O casal e o amigo foram obrigados a entrar no carro. A engenheira também embarcou, simulando ser vítima, mas na verdade já estava envolvida até o pescoço no plano.

A intenção dos criminosos era clara: levar a vítima até um cativeiro em Jacareí, onde ela seria mantida refém até que realizasse transferências bancárias. No entanto, durante uma troca de motorista — porque um dos comparsas “não sabia dirigir direito” — o namorado e o amigo conseguiram escapar e acionaram a polícia.

Na fuga, os criminosos abandonaram o carro da vítima e fugiram no veículo de Marcus Vinicius, levando celulares, corrente e pulseira. A Polícia Militar localizou os veículos e acabou prendendo Lúbia e Marcus. Inicialmente, ela tentou alegar que também havia sido sequestrada — e chegou a afirmar ter sido estuprada — mas acabou confessando o crime na delegacia depois de ser delatada pelo próprio comparsa. O Ministério Público arquivou a denúncia de estupro por falta de indícios mínimos de autoria.

A sentença deixou claro que a motivação foi ganância pura, agravada por possível desejo de vingança: “A ré atuou com o propósito de obter vantagem indevida, e a possibilidade de que o tenha feito por vingança só agrava sua conduta, não a justifica”, escreveu a magistrada. “Roubar e extorquir um parceiro afetivo não pode ser encarado como um ato de justiça pelas próprias mãos.”

A Justiça também destacou que a execução só não foi consumada por completo porque a vítima conseguiu escapar. Caso contrário, o valor seria repassado por PIX e dividido entre os membros da quadrilha. “A ação foi reprovável e consciente; não há qualquer causa excludente da culpabilidade”, finalizou a juíza.

Ambos os réus não poderão recorrer em liberdade. A Polícia Civil segue investigando para identificar os outros dois participantes do crime.

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