Segundo a vítima, ladrão foi solto mesmo após ser identificado por furto de bicicleta no Centro de Ubatuba

Um furto em plena luz do dia, câmeras de segurança que mostram toda a ação, o suspeito reconhecido por moradores e identificado pela vítima — mas, mesmo assim, nada foi feito. É assim que a jovem Eduarda Polidoro, de 18 anos, descreve o sentimento de impunidade após ter sua bicicleta levada na última sexta-feira (9), no Centro de Ubatuba.

O crime aconteceu por volta das 14h, na rua Conceição, uma das mais movimentadas da cidade. A bicicleta estava presa com cadeado em frente a um shopping, onde Eduarda trabalha como vendedora. Câmeras de segurança registraram o momento em que o suspeito se aproxima, rompe o cadeado com uma ferramenta e foge tranquilamente pedalando, mesmo com pedestres passando ao redor. Frio e rápido.

Eduarda só percebeu o furto ao final do expediente. “Fui destrancar minha bicicleta e ela não estava lá. Entrei em desespero. Achei que fosse coisa da minha cabeça, mas realmente tinham levado”, relatou.

Ela chamou a patroa, que foi ao local e acionou a Polícia Militar. Os agentes informaram que, como o furto não foi em flagrante, nada poderia ser feito no momento. Um boletim de ocorrência foi registrado, mas a frustração apenas começava.

Caçada por conta própria

Inconformadas com a falta de resposta imediata, Eduarda e sua patroa buscaram ajuda nas redes sociais. Com base nas imagens de câmeras e relatos de moradores, conseguiram identificar o autor e até localizar o endereço dele. Ainda assim, a bicicleta continuava desaparecida.

Na segunda-feira (11), a comerciante teve um novo encontro inesperado com o suspeito. Segundo ela, ele apareceu na frente de uma padaria e chegou a pedir um café. A polícia foi chamada novamente. Eduarda foi avisada por telefone. “Ela me ligou desesperada: ‘Duda, estou com o cara aqui, chama o Luiz, estou chamando a polícia’. Quando os policiais chegaram, disseram que, como ele não estava com a bicicleta e o crime não foi em flagrante, não podiam fazer nada. Ele foi liberado na hora, nem levado para a delegacia”, contou a jovem, indignada.

Cidade com medo e sem resposta

Para Eduarda, o caso é só mais um reflexo de uma escalada na criminalidade em Ubatuba. “Está terrível. A gente vê furto em todo lugar. Em casa, no comércio, na rua. Se não pegar na hora, a pessoa é solta. Pode ter vídeo, testemunha, o nome da pessoa… e nada acontece”, desabafou.

Ela relatou que moradores de vários bairros, como Perequê-Açu, Taquaral, Sumidouro e Lázaro, também estão vivendo sob medo constante. “A cidade inteira está assim. Principalmente à noite, ninguém se sente seguro. A gente sai de casa e não sabe se vai voltar com as coisas”, afirmou.

O que diz a polícia

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou em nota que o caso foi registrado como furto na Delegacia Eletrônica e está sendo investigado pela Polícia Civil de Ubatuba. A secretaria não comentou sobre a abordagem policial nem sobre a liberação do suspeito no segundo encontro com a vítima.

Enquanto a bicicleta não é recuperada, Eduarda lida com o prejuízo — e com o sentimento de abandono diante da justiça que, segundo ela, só age se for na hora.