Terça-feira, Maio 13, 2025
Manchete

De Cruzeiro para o mundo: aos 89 anos, ex-colunista do Jornal A Notícia transforma materiais recicláveis em arte para fins educativos

Apaixonado pelas salas de aula e com uma história marcante no cenário cultural de Cruzeiro, o professor aposentado Maury Sampaio, de 89 anos, segue espalhando educação e arte mesmo longe da lousa. Natural de Cruzeiro (SP), Maury foi durante muitos anos colunista nas edições impressas do Jornal A Notícia e proprietário da tradicional Sorveteria Sorverão, que funcionava na Rua Joaquim do Prado, a famosa Rua 10. Hoje, mesmo morando em um asilo na cidade de Jacareí (SP), ele mantém viva sua vocação: educar e inspirar.

Há cerca de 60 anos, Maury dedica parte de sua vida à criação de obras de arte a partir de materiais recicláveis. Maquetes, quadros e esculturas ganham forma com papelão, caixas de leite, palitos de sorvete e criatividade — tudo feito com carinho, paciência e um propósito: doar para professores e escolas. “Tudo que faço é para fins educativos, isso que importa para mim”, afirma o mestre, que prefere presentear suas criações a cobrar por elas.

Mesmo com as limitações da idade, Maury vê a arte como um lazer terapêutico e um compromisso ético com as futuras gerações. Morando atualmente no Lar Fraterno da Acácia, ele transforma a pequena sala do asilo em um verdadeiro ateliê, onde o tempo parece dobrar-se diante da concentração e do amor que deposita em cada detalhe.

Formado em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, Maury teve uma trajetória ativa também no meio acadêmico e estudantil. Foi bibliotecário, vice-presidente do Centro Acadêmico e diretor do Centro Estudantil Lorenense. Além disso, lecionou, trabalhou em repartições públicas e em escritório de construtora.

Na juventude, ainda no ginásio, já demonstrava talento e apreço pelo capricho. “Minha professora de música mostrava meu caderno para outras salas, dizia que parecia impresso. Isso me motivava muito”, relembra. Foi nesse tempo que passou a fazer capas artísticas para os trabalhos escolares dos colegas, ganhando seu primeiro dinheiro com arte.

O filho de Maury, que o visita regularmente, o ajuda levando os poucos materiais que ele não consegue obter por conta própria. O resto vem de doações, restaurantes e, claro, de sua incontida imaginação.

A voluntária do asilo, Janaína, conta que se impressionou com a história e a lucidez de Maury. “Ele tem uma alma de artista. Consegue criar verdadeiras obras-primas apenas com cola, papel e palitos de sorvete. É uma trajetória de vida inspiradora”, declara emocionada.

Mesmo longe da cidade natal, o espírito de Cruzeiro continua pulsando em cada uma das peças criadas por Maury. Sua jornada é um lembrete de que educar não tem prazo de validade, e que a arte e o afeto são eternos combustíveis para quem nasceu com vocação para ensinar.

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