Sábado, Maio 10, 2025
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Viúvo clama por justiça após morte trágica da esposa em São José dos Campos

Sete dias se passaram desde que a jovem Sandra Cristiane, de 26 anos, perdeu a vida em um trágico acidente de trânsito na zona leste de São José dos Campos. A dor permanece latente para o viúvo Jean, técnico de manutenção, que agora enfrenta a árdua missão de cuidar sozinho da filha de apenas cinco anos e lutar por justiça diante da impunidade.

Sandra seguia de moto para o trabalho no bairro SetVille quando foi atingida por um carro que avançou indevidamente uma rotatória. A motorista responsável pelo acidente não possuía carteira de habilitação e, mesmo assim, foi liberada no local. A polícia alegou que, naquele momento, não foi possível apontar com clareza a responsabilidade pela colisão.

Inconformado, Jean desabafa: “A minha esposa estava na mão dela. Ela estava indo trabalhar. Como é que alguém sem habilitação pode dirigir e sair impune?”. As palavras carregam a revolta de um homem que perdeu o chão ao ver a mulher que amava partir tão cedo. “Ela me fez ser homem. Antes dela, eu era um moleque. Com ela, construímos uma casa, uma família. Estávamos realizando nossos sonhos juntos.”

Jean foi avisado do acidente por um grupo de motociclistas. Ao ver um vídeo compartilhado por eles, reconheceu a moto de Sandra. Correu para o local, mas a tragédia já estava em curso. “Quando cheguei lá, ela ainda estava sendo atendida. A médica depois me chamou e disse: ‘Ela está nos últimos minutos, vá se despedir’. Eu só consegui pedir desculpa”, relata, com a voz embargada.

O casal vivia junto há seis anos. A filha, Alice, ainda não compreende completamente a dimensão da perda. “Disse a ela que a mamãe virou uma estrelinha. Mas um dia ela vai entender que não vai voltar. E isso é o mais difícil”, lamenta Jean, que agora se desdobra para ser pai e mãe ao mesmo tempo. “Ela era meu raio de luz.”

Além da dor, há revolta com a estrutura da via onde o acidente ocorreu. Jean denuncia o abandono do trecho e cobra providências do poder público: “Dois condomínios atrás têm lombada, câmera, iluminação. Aqui, nada. Parece que a gente vale menos.” Ele pede que a morte de Sandra não seja tratada como apenas mais um número nas estatísticas. “Se quem matou tivesse usado uma arma de fogo, responderia criminalmente. Por que com o carro é diferente? Justiça é o mínimo.”

A missa de sétimo dia foi celebrada na última quinta-feira (8), com familiares e amigos ainda perplexos com a perda repentina e sem respostas. A motorista envolvida na colisão segue em liberdade.

O acidente

O acidente ocorreu por volta das 9h da manhã, na Avenida Robson Custódio Machado, no bairro Loteamento Floresta. De acordo com o boletim de ocorrência, a motorista subia pela rua Madre Teresa de Calcutá e, ao tentar acessar a Robson Custódio Machado pela rotatória, atingiu a moto de Sandra frontalmente.

A jovem foi encontrada em parada cardiorrespiratória e chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Seu corpo foi sepultado na manhã de sexta-feira (2), sob forte comoção.

A ocorrência foi registrada na CPJ (Central de Polícia Judiciária) como homicídio culposo na direção de veículo automotor, quando não há intenção de matar. O delegado responsável determinou a abertura de inquérito para investigar o caso e individualizar responsabilidades.

Jean, por sua vez, promete não deixar que a tragédia caia no esquecimento. Para ele, a justiça não pode se calar diante da dor de quem ficou. “Sandra era tudo pra mim. E agora, tudo o que me resta é lutar por ela.”

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