Quarta-feira, Maio 7, 2025
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Tartaruga marcada em Ubatuba é encontrada em Fernando de Noronha após 24 anos

Uma tartaruga-verde registrada ainda jovem pelo Projeto Tamar em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, foi reencontrada 24 anos depois no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Segundo os pesquisadores, trata-se do primeiro caso documentado de uma tartaruga marcada em território brasileiro ainda na juventude e localizada novamente já adulta, em outra área do país.

O registro inicial do animal aconteceu em janeiro de 2001, quando pescadores da Praia do Camburi, em Ubatuba, encontraram a tartaruga presa em uma rede de cerco flutuante — uma armadilha de pesca artesanal tradicional na região. O animal, que na época pesava 13 quilos e media 49 centímetros, foi resgatado pelos agentes do Tamar, recebeu duas marcas metálicas numeradas nas nadadeiras anteriores e foi devolvido ao mar.

Mais de duas décadas depois, no dia 10 de abril, a tartaruga foi identificada na Praia da Quixabinha, em Fernando de Noronha, com 103 centímetros de comprimento. O local é reconhecido como uma das principais áreas de desova de tartarugas marinhas do Brasil. A descoberta foi divulgada pelo Projeto Tamar nesta semana.

De acordo com o coordenador de pesquisa e conservação da Fundação Projeto Tamar, Henrique Becker, essa movimentação é inédita em termos de estágio de desenvolvimento. “Já registramos tartarugas de Ubatuba encontradas no Uruguai e na Nicarágua, mas todas ainda jovens ou subadultas. Esta é a primeira que reencontramos adulta em outra região brasileira”, explicou.

O Projeto Tamar lembra que a tartaruga-verde pode levar mais de 30 anos para atingir a idade reprodutiva. Estudos genéticos realizados no fim da década de 1990 apontam que os indivíduos encontrados em Ubatuba fazem parte de um “estoque misto”, ou seja, um grupo de juvenis oriundos de diversas áreas do Oceano Atlântico.

Desde 1991, o Tamar atua na preservação das tartarugas marinhas em Ubatuba e já devolveu mais de 12 mil animais ao mar, sempre com o apoio dos pescadores locais. O reencontro com a tartaruga marcada há mais de duas décadas reforça a importância da conservação de longo prazo e da colaboração entre ciência e comunidades tradicionais.

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