Segunda-feira, Maio 5, 2025
Cidades

Um ano sem Joãozinho: mãe organiza ato por justiça em Caçapava

No dia 9 de maio, familiares e amigos de João Lucas dos Santos Pereira, carinhosamente chamado de Joãozinho, sairão às ruas de Caçapava para pedir justiça. A data marca um ano desde que o menino, de apenas 9 anos, foi atropelado e morto por um motorista que fugiu do local sem prestar socorro. A manifestação acontecerá em frente ao fórum da cidade, com camisetas brancas estampando o rosto de Joãozinho e faixas exigindo responsabilização.

“Não vamos mais ficar em silêncio. Esperar não vai trazer meu filho de volta, mas o homem que matou ele não pode seguir vivendo como se nada tivesse acontecido”, desabafa a mãe, a enfermeira Michelly Nunes.

O crime aconteceu por volta das 13h45, no bairro Jardim Santa Luzia, quando Joãozinho empurrava uma bicicleta ao lado do avô, próximo à linha do trem. Segundo testemunhas, o motorista do Kadett preto fez uma ultrapassagem em alta velocidade e em local proibido, atropelando os dois. O avô teve lesões graves e sequelas no ombro e joelho, mas sobreviveu. Joãozinho, no entanto, não resistiu, apesar do socorro prestado pelo Samu.

Michelly denuncia que o motorista fugiu do local, foi para casa, trocou de roupa, pegou um caminhão e retornou ao local da tragédia para ver o que havia feito. Depois, voltou para casa e começou a desmanchar o carro, tentando ocultar o crime. “É um monstro frio e calculista”, define a mãe.

Com apoio de testemunhas e imagens de câmeras de segurança, a Polícia Civil chegou ao nome de Fábio Junior da Silva, mecânico residente na mesma região. Ele foi preso, confessou ter dirigido o Kadett envolvido no acidente, mas acabou liberado no dia seguinte, após pagamento de fiança no valor de dois salários mínimos.

Para a mãe, a liberdade do acusado é uma afronta. “A justiça está favorecendo quem matou, não a vítima. Já se passou um ano e ele ainda vive livre. Não tive nem retorno do processo, e ele também não cumpriu a pena de pagar os dez salários mínimos determinados em audiência. Não dá para aceitar isso.”

Fábio já tinha um histórico trágico no trânsito: antes de atropelar Joãozinho, ele já havia se envolvido em outro acidente fatal em Colatina, no Espírito Santo. Agora, responde por homicídio culposo, lesão corporal culposa, omissão de socorro, fraude processual e direção em velocidade acima do permitido. Todos os crimes, até aqui, sem prisão preventiva decretada.

O ato marcado para o próximo dia 9 pretende chamar atenção da sociedade e do Judiciário para o sentimento de impunidade que fere ainda mais quem já perdeu tudo. “Joãozinho merece justiça. Ele não pode ser só mais um nome esquecido”, diz Michelly.

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