Sábado, Abril 19, 2025
Cidades

Líder religioso preso tenta culpar “entidade espiritual” por ameaças e estupros no Vale

O líder religioso preso no último dia 10 de abril em Bananal (SP), por estupro e violação sexual, prestou depoimento à Polícia Civil e tentou justificar os crimes afirmando que uma “entidade espiritual” era responsável pelas ameaças feitas contra uma mulher que o procurou em busca de ajuda espiritual.

Segundo o depoimento da vítima, o homem afirmou que, caso ela não mantivesse relações sexuais com ele todos os dias, a entidade mataria seus pais, arrancando-lhes a cabeça. A jovem de 24 anos contou que, no início, o relacionamento com o líder foi consensual, mas que, ao tentar encerrar a relação, passou a ser chantageada com fotos íntimas feitas durante os rituais.

Durante o depoimento, o homem disse que não tinha consciência do que acontecia durante os rituais, alegando que era a entidade incorporada quem comandava as ações. “Eu entro tipo num transe. Um apagão. É como se fosse dois em um”, declarou. Ele afirmou ainda que não bebe nem fuma, mas que, ao ser “possuído”, a entidade consumia uísque e fumava charuto.

No local onde os supostos rituais eram realizados, a polícia apreendeu bebidas alcoólicas, câmeras de vigilância, roupas íntimas femininas e o celular do acusado, que era usado para gravar vídeos e tirar fotos das vítimas. As imagens eram utilizadas para ameaçar e forçar as mulheres a manter relações sexuais com ele, segundo as investigações.

A Polícia Civil já identificou cinco vítimas, mas acredita que mais mulheres possam ter sido abusadas. A investigação indica que o líder religioso dopava as mulheres com bebidas alcoólicas e cometia os abusos sem consentimento, sempre sob a justificativa de estar incorporado por uma entidade espiritual.

A jovem que fez a denúncia relatou que tudo começou com uma “purificação espiritual”, onde ela era instruída a ficar nua para que o líder passasse as mãos por seu corpo. Com o tempo, ele disse que a entidade precisava tocá-la nas partes íntimas e que era necessário fotografá-la nua. Quando ela quis interromper o tratamento, surgiram as ameaças.

Mesmo com medo da exposição em uma cidade pequena como Bananal, a vítima decidiu denunciar o caso à polícia, que deu início à investigação e cumpriu mandado de prisão temporária contra o suspeito. Ele continua preso e pode ter a prisão convertida em preventiva nos próximos dias.

A justificativa de que os crimes foram cometidos por uma “entidade espiritual” é tratada pela polícia como tentativa de se isentar da responsabilidade, enquanto as investigações seguem para identificar e ouvir novas vítimas.

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