Lançou Chico Buarque: Conheça mais sobre a cantora cruzeirense Maricenne Costa
Nascida em 3 de dezembro de 1935, em Cruzeiro, interior de São Paulo, Maria Ignez Senne Costa, conhecida como Maricenne Costa, foi uma das vozes mais marcantes da música brasileira. Dona de um talento singular, ela teve uma trajetória artística rica, cheia de conquistas e inovações, que a colocaram entre os grandes nomes da música nacional.
A carreira de Maricenne ganhou projeção em 1958, ao vencer o prestigiado concurso “A Voz de Ouro do Brasil”, promovido pela TV Tupi. Seu talento conquistou público e crítica, abrindo portas para uma série de oportunidades no cenário musical. Em 1964, ela gravou a música “Marcha para um Dia de Sol”, de Chico Buarque, sendo a primeira artista a registrar uma composição do consagrado cantor e compositor.
Maricenne teve um papel crucial no início da carreira de Chico Buarque, ao levar sua primeira composição ao público, abrindo caminho para que ele se tornasse uma das maiores referências da música brasileira. “Marcha para um Dia de Sol” foi lançada por Maricenne em um compacto simples pela gravadora RGE, muito antes de Chico conquistar fama nacional. Sua interpretação não apenas deu visibilidade à canção, mas também marcou o início da trajetória de Chico como compositor. O próprio Chico Buarque reconheceu, em entrevistas posteriores, a importância desse registro na consolidação de sua carreira.
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Sua habilidade como intérprete não passou despercebida por gigantes da música brasileira. João Gilberto, considerado um dos maiores nomes da bossa nova, ficou encantado com a voz de Maricenne, reconhecendo sua capacidade única de transmitir emoção e técnica. A admiração de João Gilberto reforça o impacto de Maricenne na música brasileira, evidenciando sua relevância no cenário artístico da época.
Maricenne não se limitou a um único estilo musical. Ao longo de sua carreira, explorou desde a bossa nova até ritmos tradicionais brasileiros. Em 1992, lançou o álbum “Correntes Alternadas”, inspirado pelo universo punk, e em 1999, apresentou “Como Tem Passado!!”, um trabalho que resgatou ritmos históricos como o lundu e o maxixe, em parceria com o historiador musical José Ramos Tinhorão.
Além de sua atuação na música, Maricenne também brilhou nos palcos do teatro, convivendo com grandes artistas como Myriam Muniz, Ricardo Blat e Marcos Caruso. Ela acreditava que sua experiência teatral enriqueceu sua arte, permitindo-lhe explorar novas formas de expressão.
Em 2009, reafirmou sua conexão com a bossa nova ao lançar o álbum “Bossa.SP”, um tributo à sua relação com o movimento que marcou a música brasileira. Sua vida e obra foram celebradas em 2022 com o lançamento do livro “Maricenne Costa – A cantora de voz colorida”, escrito por sua irmã Elisabeth Sene-Costa.
Maricenne Costa será lembrada não apenas como a cantora que lançou Chico Buarque, mas como uma artista completa, que soube reinventar-se e deixar um legado inestimável para a cultura brasileira. Sua voz continuará ecoando na memória de todos os que tiveram o privilégio de ouvir sua música e sentir a sua arte.