Corrupção e descaso: ex-prefeito de São José do Barreiro, Lê Braga, é condenado por uso indevido de bem público
O silêncio que paira sobre São José do Barreiro foi quebrado por uma sentença que ressoa como um alerta a todo o Vale Histórico. Alexandre de Siqueira Braga, o Lê Braga, ex-prefeito do município, foi condenado a 2 anos, 9 meses e 18 dias de reclusão, pena convertida para prestação de serviços à comunidade e limitação de fim de semana. A acusação? O uso indevido de um veículo público destinado à saúde, transformado em carro de uso pessoal em afronta direta à moralidade administrativa.
A história começa com a aquisição de um Fiat Toro, comprado com recursos federais destinados exclusivamente à saúde municipal. No entanto, em vez de servir aos moradores de São José do Barreiro, o veículo foi visto estacionado em locais particulares, utilizado em viagens pessoais e até mesmo guardado na residência do ex-prefeito, em Cruzeiro. Nenhuma justificativa oficial foi suficiente para esconder a gravidade dos fatos revelados por investigações da Polícia Federal.
Imagens, relatórios e depoimentos compuseram o quebra-cabeça que desmontou as versões apresentadas pela defesa de Lê Braga. O Ministério Público foi enfático: o veículo, destinado ao atendimento da saúde pública, tornou-se um símbolo do desvio de finalidade e da irresponsabilidade na gestão dos recursos públicos.
A sentença, baseada no artigo 1º, inciso II, do Decreto-Lei nº 201/1967, não apenas reconheceu o uso irregular do bem público, mas também apontou para a continuidade do crime, configurando um desprezo reiterado pelos princípios da administração pública. Para além da pena de reclusão, o ex-prefeito foi condenado a pagar R$ 9.339,51 como reparação civil por danos morais coletivos – uma tentativa de mitigar o impacto moral causado pela improbidade.
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O juiz que proferiu a sentença não poupou palavras ao destacar a gravidade do caso. “É inadmissível que um gestor público utilize um bem destinado à população em benefício próprio, violando de forma tão flagrante os preceitos éticos e legais que norteiam a administração pública”, apontou o magistrado.
Nos bastidores, comenta-se que essa condenação pode ser o golpe final na trajetória política de Lê Braga. Com a sentença transitada em julgado, ele deverá enfrentar a inelegibilidade, ficando fora de futuros pleitos. Para uma cidade que busca se reerguer após gestões marcadas por denúncias e crises financeiras, a decisão é um alento e um marco na luta pela transparência e pela recuperação da confiança pública.
A população de São José do Barreiro, que acompanha de perto os desdobramentos dessa história. A lição é clara: o uso do poder não é um privilégio pessoal, mas uma responsabilidade perante aqueles que confiaram no voto. E, como agora fica evidente, para aqueles que rompem essa confiança, a Justiça tem o seu tempo – mas sempre chega.