A plantação gourmet que murchou em Taubaté
Era uma noite abafada desta quarta-feira (22) em Taubaté quando a Polícia Civil colocou em prática a “Operação Hipócrates”. No roteiro, não havia bisturis ou estetoscópios, mas uma série de estufas dignas de um reality show de jardinagem. O protagonista? Um estudante de medicina de 22 anos que, ao invés de salvar vidas, estava cultivando um “remédio alternativo” para os universitários da região: a famigerada “maconha gourmet”.
Ao entrar no esconderijo do jovem no bairro Morada dos Nobres, os agentes encontraram não apenas uma estufa, mas um verdadeiro laboratório de botânica ilegal. Três estufas espalhadas pelo Vale do Paraíba—uma em Pindamonhangaba, outra em Guaratinguetá e a terceira em Guararema—alimentavam o sonho verde desse pequeno “Hipócrates do ilícito”. Somadas, as instalações abrigavam mais de 200 pés de maconha com iluminação especial, controle de temperatura e ventilação de fazer inveja a qualquer orquidário.
Quando os policiais chegaram ao local, o estudante tentou dar uma de atleta olímpico: quebrou o celular, partiu pra cima dos agentes e ainda quis correr. Mas, diferentemente de um plantão médico, onde segundos fazem diferença, nesse caso ele foi plantado no chão com eficiência. “Tá preso, doutor!”, brincou um policial, enquanto algemava o jovem que, ironicamente, parecia mais pálido que um jaleco branco.
O mais curioso é o público-alvo da operação: estudantes universitários. Parece que o futuro médico tinha um pé no marketing, oferecendo sua erva gourmet como se fosse vinho artesanal. Os nomes dos produtos não foram revelados, mas não seria surpresa encontrar algo como “Cálice de Hipócrates” ou “Clorofila do Conhecimento”.
Enquanto isso, as investigações continuam, e os envolvidos no esquema seguem na mira da polícia. Com o material apreendido e as estufas fechadas, o prejuízo financeiro para o grupo foi estimado em cifras que dariam para pagar várias mensalidades de medicina—ou, pelo menos, os boletos atrasados de luz das estufas.
Agora, o jovem troca o jaleco pela roupa laranja do sistema prisional, numa ironia que nem o melhor roteirista poderia escrever. Afinal, ao invés de seguir o juramento de Hipócrates, preferiu montar um negócio que, literalmente, foi por água abaixo. Se continuar assim, o único “prato gourmet” que verá será o famoso marmitex de cadeia.