Substituição no Presídio de Tremembé: Sai Nardoni, Entra Sastre
Enquanto Alexandre Nardoni aproveita o regime aberto e finalmente deixa o Presídio de Tremembé, Fernando Sastre já está se preparando para ocupar a cama deixada quente. A notícia poderia até ser vista como uma troca de turno em uma organização, mas na realidade é apenas um reflexo de um ciclo complexo.
Cena: Uma animação poderia ilustrar Nardoni saindo calmamente pela porta da frente da Penitenciária II, um carro esperando para levá-lo embora. Atrás, um segurança prepara a cama recém-vaga para Sastre, que é escoltado até lá com certa relutância, questionando como ele foi parar ali. O guarda ri e comenta: “É assim que a porta gira por aqui.”
Enquanto Nardoni tenta reconstruir sua vida em liberdade, passando a morar com sua família na cidade de São Paulo e cumprindo as condições impostas pela Justiça, Sastre aguarda o resultado de seu habeas corpus. Condenado a 30 anos pela morte de sua filha Isabella, Alexandre Nardoni passou mais de uma década na Penitenciária II, cumprindo inicialmente sua pena em regime fechado antes de avançar para o semiaberto. Agora, com a decisão judicial de conceder a progressão ao regime aberto, ele está livre, mas precisa seguir uma série de regras e manter sua ficha limpa.
Por outro lado, Fernando Sastre, envolvido em um acidente fatal dirigindo um Porsche, aguarda ansiosamente o próximo capítulo de sua saga judicial. Após ser considerado foragido e finalmente se entregar às autoridades, ele enfrenta acusações de homicídio doloso devido à morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana. Testemunhas alegam que Sastre estava alcoolizado no momento da colisão, mas ele e seus advogados negam.
Apesar de Sastre já ter cumprido medidas cautelares como a proibição de contato com testemunhas e a suspensão de sua CNH, sua prisão preventiva foi decretada sob risco de reiteração de condutas. Seus advogados esperam conseguir um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que ele possa responder em liberdade. Caso contrário, Sastre pode acabar sendo enviado ao mesmo Presídio de Tremembé, onde Nardoni morou por tantos anos.
A situação, apesar de ter seu lado tragicômico, revela um sistema judicial e penitenciário que precisa de melhorias. Enquanto um homem condenado por tirar a vida de sua própria filha agora caminha livre, outro envolvido em um acidente fatal é acusado de homicídio doloso e luta para não ter o mesmo destino – ambos em busca de saídas alternativas e soluções fora do presídio comum.
A crítica está no contraste entre os dois casos e como o sistema penitenciário se tornou uma espécie de jogo de cadeiras: a saída de um abre espaço para outro. A sociedade, enquanto isso, observa atentamente como a Justiça lida com seus próprios desafios na tentativa de balancear crime e punição.