Quinta-feira, Novembro 21, 2024
Cidades

Luto e Saudade no Vale do Paraíba: Famílias Confrontam a Dor Após Perdas pela Dengue

O Vale do Paraíba e a região bragantina, que recentemente ultrapassaram os 87 mil casos confirmados de dengue, estão enfrentando uma triste realidade com 65 mortes registradas pela doença em 2024. Além destes óbitos, outras 140 mortes estão sob investigação, deixando as comunidades locais em estado de alerta e luto.

Famílias que perderam entes queridos compartilharam suas experiências dolorosas, destacando a rapidez com que a dengue pode devastar vidas. Em Taubaté, uma das cidades mais afetadas com 15 mortes este ano, a perda de Letícia Izidoro Mendonça, de 21 anos, destaca a severidade da situação. Sem comorbidades, a morte de Letícia foi um choque para todos. “Foi tudo muito rápido… até que no dia 20 de fevereiro veio a óbito, enquanto ela tomava soro no hospital”, conta Sonia Zinneck, a madrasta de Letícia.

Letícia e Rafael eram moradores de Taubaté e morreram de dengue. — Foto: Arquivo pessoal

A jovem, que sonhava em viajar para o Canadá e estava estudando inglês para tornar possível esse desejo, deixou uma comunidade inteira em luto. “Nunca vamos nos conformar que um simples inseto acabou com os sonhos de uma garota encantadora e deixou uma dor em todos nós”, lamentou Sonia.

Outro caso marcante é o de Rafael Antônio de Azevedo Netto, 71 anos, de Taubaté. Metalúrgico aposentado e com comorbidades, Rafael morreu após uma viagem a Minas Gerais. “Ele voltou… passando um pouco mal… Ele foi ficando muito grave de uma hora para outra e faleceu no dia 20”, relata Juliana Carvalho, sua filha.

Rafael era um homem ativo, que estava escrevendo um livro e estudava a Bíblia com planos de se tornar um youtuber para falar sobre espiritualidade. Sua morte deixou não apenas uma família, mas uma comunidade inteira tentando entender como uma doença transmitida por um mosquito poderia levar embora uma pessoa tão querida e ativa.

Juliana, que é psicóloga e já ajudou muitos a lidar com o luto, agora enfrenta o desafio de superar sua própria dor enquanto cuida de sua mãe, também afetada pela doença. “Toda noite, depois que eu termino todos os fazeres, eu vou para um cantinho e choro um pouco. A dor da ausência dele é insuportável, mas eu estou arrumando forças dentro de mim mesma, na espiritualidade e em Deus. Isso tem me levado”, compartilha Juliana.

Essas histórias pessoais de perda sublinham a necessidade urgente de ação comunitária para prevenir mais mortes. As famílias enlutadas pedem que as pessoas se conscientizem sobre a eliminação de água parada e lixo, evitando assim a proliferação do mosquito transmissor da dengue, além de cuidarem da própria saúde para minimizar os riscos de complicações graves da doença.

Estas narrativas de dor e saudade revelam o lado humano de uma estatística crescente, lembrando todos da importância de vigilância e prevenção contínuas contra a dengue.

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