QUEM DISSE QUE JOVEM NÃO CHORA ?
Em 1974, eu estudava no Instituto Santa Teresa, em Lorena… “acompanhado” de meus doze anos, de então… De repente, tal como em dias atuais, surge no horizonte uma nuvem negra… e nem era a peste negra da Idade Média (em verdade Bubônica… coisa de ratos… de falta de higiene…)! Ao desconhecido, as mesmas angústias (e bobagens) de sempre… O nome do “inimigo”… Meningite!
Então, uma “certa Professora” proibiu que um aluno emprestasse a outro, seu tênis, para a aula de Educação Física… “meningite no pé”, foi a pergunta do incauto, e a resposta cortante: “sim”, e pronto!
Mas, nos assustamos mesmo, quando a água bate em nossos pés… Uma menina… de minha idade… que morava perto da casa de minha avó, era internada. Razão: o maldito… ou “a” meningite! Era quase decreto de morte… e para ela foi… abalou a escola… a rua… a cidade…
Queríamos a vacina, e um dia a proteção chega, e todos os alunos foram dispensados para sumariamente se encaminhar ao então 50 RI, em Lorena, e lá todos fomos vacinados. Não me lembro de nenhum “Rui Barbosa” de plantão a defender o direito “de ir e vir”… Do que me lembro mesmo, foi de uma Missa rezada na Escola para aquela menina… Também me lembro de uma cartinha que ela deixara, falando sobre a primavera, e de seus sentimentos de criança atingida por “aquele raio”, e lida durante à mesma…
Jamais me esquecerei de sua mãe “guardando” as lágrimas em um lencinho… 12 anos… ninguém merece… Eu olhava as meninas chorando, e se não o fiz, fiquei pensando onde estaria Deus naquela hora… Tudo terminou como um raio!
Contudo, quando me recordo do “Santa Teresa”… ou, quando passeio por aquele pátio, outrora quase coberto pelas sombras de suas árvores, e que na primavera, protegiam e abrigavam as cigarras com seu canto estrondoso… Também logo, me lembro daquela menina… da meningite… e da primavera… que ela nunca mais viu florir!
Dr. Eduardo César Werneck